21 de julho de 2011

Sobre o Amor

Vamos dedicar a nossa meditação ao capítulo 13, da Carta aos Coríntios, onde encontramos o célebre hino de São Paulo a caridade. Caridade é uma expressão religiosa para significar amor. O texto em evidencia, portanto, é um hino ao amor, talvez o mais célebre e sublime que já tenha sido escrito.

Palavra do Padre - Flavio Santiago

Quando o cristianismo aparece no mundo, o amor já tinha sido cantado por diversos poetas e cantores. O mais ilustre deles é o filósofo Platão que escreveu sobre esse um tratado (Fédon). Para o pensamento antigo, sobretudo o de origem grega, o nome comum do amor era “eros” ( daí vem o nome erotismo, erótico). O cristianismo sentiu que o amor passional, constituído de busca e de desejo era insuficiente para exprimir toda a riqueza do ensinamento bíblico. Por isso evitou o termo eros, substituindo-o pela palavra “ágape”, que poderíamos traduzir pela expressão caridade, mesmo que esta palavra tenha hoje um significado muito restrito (fazer caridade, obras de caridade).

A diferença principal entre os dois amores é esta: o amor de desejo ou erótico é exclusivo. Acontece entre duas pessoas e a intromissão de uma terceira pessoa significaria o seu fim, sua traição. As vezes, acontece, por exemplo, na vida de um casal que a chegada de um filho termina por provocar uma crise no matrimônio. O amor de doação, oblativo, ágape, ao contrário, abraça a todos e não pode excluir nenhuma, pessoa, nem mesmo os inimigos (amai os vossos inimigos, Deus faz chover sobre os bons e os maus, ensina Jesus). A fórmula clássica do amor erótico nós encontramos nos lábios dos namorados, quando um diz para o outro: eu te amo. A fórmula clássica da caridade encontramos nas palavras de Jesus que ensinou: “come eu os amei, assim amai uns aos outros. Este é um amor feito para circular, para expandir-se. Uma outra diferença é esta: o amor erótico, na sua forma mais típica, é o enamoramento. Este, por sua natureza, não dura eternamente, ou dura somente se houver mudança sucessivas da pessoa que o recebe. Quero dizer: que a pessoa tem a necessidade de se enamorar constantemente. Da caridade, conforme Paulo ensina: é a única realidade que permanece eternamente, mesmo depois que termina a fé e a esperança.

Entre os dois amores – aquele de desejo, busca e o doação, oblação -, não tem separação e nem contraposição, mais existe, sobretudo, desenvolvimento, crescimento, aperfeiçoamente. O primeiro amor, aquele erótico, é o ponto de partida; o segundo, a caridade, é o ponto de chegada. Entre o amor erótico e o oblativo, existe um espaço aberto para uma educação sobre e no amor e um crescimento nesse. Tomemos, por exemplo, o caso mais comum, que é o amor esposos. No amor entre dois esposos, no inicio se expressara o amor erótico, a atração, o recíproco desejo, a conquista do outro e, portanto, um certo egoísmo. Se o amor dos esposos não se esforçar por enriquecer-se, na medida em que é vivido, de uma nova dimensão, feita de gratuidade, de recíproca ternura, de capacidade de sacrificar-se a si mesmo pelo outro e projetar-se nos filhos, terminará por falir.

A mensagem de Paulo é de grande atualidade. Todo o mundo da televisão, dos filmes, dos espetáculos parece interessado em inculcar em todos, sobretudo nos jovens, que o amor se reduz ao eros e eros ao sexo. Vemos publicidade que insinuam que a vida é um idílio continuo, idílio vivido num mundo onde todos são jovens, onde não tem velhos e se tem estes são sempre felizes, num mundo onde não tem doentes e todos podem gastar o que quiserem (síndrome do cartão de crédito). Estamos, portanto, diante de uma colossal mentira, que produz expectativa desproporcionadas, que desiludem, provocam frustação, rebeldia contra a família, a sociedade e a igreja e frequentemente abrem a porta para o crime, para a vaidade.

Não podemos olvidar: a palavra de Deus quer manter aceso em nós o senso crítico diante daquilo que cotidianamente vem apresentado como verdadeiro, mais que de fato não o é.

1 comentários :

Ricardo Moura Borges disse...

Um velho e grande filósofo conhecido como Bertrand Russel nos diz o seguinte : "Temer o amor é temer a vida e os que temem a vida ja estão meio mortos", portanto percebemos que o que movimenta o mundo ou como ja disse são joão na sua epistola que Deus é amor, sabemos que o que movimenta o mundo é o amor.

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