12 de julho de 2011

“...Toda a criação sofre”

Romanos 8,22

Recordando um grande pensador da Filosofia, Pe. Marc Leclerc – S.J., que foi meu professor durante o tempo que estudei na Universidade Gregoriana, em Roma, transcrevo, porém burilando com os traços da minha subjetivada, alguns dos muitos ensinamentos do venerável mestre. Encontramos na Carta aos Romanos a dramática afirmação do apóstolo Paulo: toda a criação sofre na expectativa de ser plenificada pela revelação do Filho de Deus, Jesus Cristo. (Rm 8) Paulo, ao afirmar que a criação espera ser plenificada identifica o anelo mais profundo do coração humano: o anseio por unidade. Esta aspiração manifesta a necessidade que o homem sente de experimentar a paz consigo mesmo e com os outros, aquela paz que Santo Agostinho definia como “tranqüilidade da ordem”; porém, o homem se descobre sempre dividido: a carne e o espírito, ou então, “o corpo, a alma e o espírito”, segundo as categorias mais usuais de São Paulo. O próprio espírito, entendido no sentido estrito de intelecto, apresenta-se dividido como espírito cientifico (esprit de géométrie) e espírito humanista (sprit de finesse). Do ponto de vista moral, oscila em continuação, entre o egoísmo fundamental, com freqüência ligado ao medo, e um grande desejo de generosidade que caminha a par com a confiança.

O homem faz parte do cosmo, por isso o apostolo Paulo fala de “toda a criação”, e justamente por isso encontra-se submetido a todas as leis do mundo físico; porém, descobre em si mesmo a nostalgia da transcendência. Ele está completamente imerso no tempo, mas aspira a eternidade cuja simplicidade poderia dominar a multiplicidade temporal. Descobre-se submetido a necessidade de morrer – geme e chora, diz o Apóstolo Paulo -, no entanto a morte parece-lhe contra a natureza: quer a sua, quer a muito dolorosa do ser amado. Porém, não renuncia a vontade de amar além da morte – esperamos a redenção, ensina Paulo.

Encontramos, no fragmento do capítulo 8 da Carta de Paulo aos Romanos, a identificação das duas maiores realidades, e mais universais da nossa vida humana, o amor e a morte. O Cântico dos Cânticos e toda revelação bíblica garantem-nos que o amor é mais forte do que a morte. Mesmo que todas as aparências nos parecem contrarias a este dado da fé católica. Para resumir toda a complexidade de nossa vida, Blaise Pascal, num famoso fragmento dos seus pensamentos, mostra-nos participante de três esferas diferentes, três ordens de realidade diversas, que divergem infinitamente uma da outra: a carne, o intelecto e a caridade. Não bastam as duas primeiras para nos definir. Só a caridade dá sentido a tudo, e permanece, como dom sobrenatural, além da morte.

1 comentários :

Anônimo disse...

Meus amigos da Parquia de São Francisco de Assis, me descupem mas tenho que falar, o site da paroquia ta uma negação, muitas paginas e as noticias aparecem quase um mes depois e outra, nao tem fotos... Tá meio desorganizado.

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