23 de setembro de 2011

O nosso discernimento diante da vontade de Deus

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A cada momento da nossa vida somos chamados a tomar decisões que requerem assumirmos fundamentalmente duas atitudes: dizer “sim” ou dizer “não”. Tal discernimento é pautado, muitas vezes, pelas nossas aptidões e, claro por aquilo que se apresenta mais fácil e cômodo as nossas preferências. Neste sentido, São Mateus apresenta a história de um pai que tinha dois filhos e pede para irem trabalhar em sua vinha (Mt 21, 28-32).

As respostas dos mesmos se ajustam nesta linha do discernimento em dizer “sim” ou “não”. O primeiro responde “não” e, o segundo, “sim”. Porém, aquele termina mudando de idéia e faz a vontade do pai (Mt 21, 29), o último, respondendo positivamente, não cumpre com a sua promessa (Mt 21, 30). Encontramos, pois aqui como se concretiza o compromisso do homem com Deus. O “sim” que Deus pede não é uma declaração teórica de boas intenções, sem implicações práticas; mas é um compromisso firme, coerente, sério e exigente com o Reino, com os seus valores, com o seguimento de Jesus Cristo. O verdadeiro crente não é aquele que “dá boa impressão”, que finge respeitar as regras e tem um comportamento irrepreensível do ponto de vista das convenções sociais; e sim aquele que cumpre na realidade da vida a vontade de Deus.

No segundo momento, Mateus apresenta a questão posta por Jesus: qual dos dois fez a vontade do Pai (Mt 21, 31)? A resposta é óbvia que os próprios interlocutores de Jesus não têm qualquer dúvida em dá-la: o primeiro! respondem(Mt 21, 31).

Com isso, a parábola ensina que, na perspectiva de Deus, o importante não é quem se comportou bem e não escandalizou os outros; mas, de acordo com a lógica de Deus, o importante é cumprir realmente a vontade do pai. Na perspectiva de Deus, não bastam palavras bonitas ou declarações de boas intenções, mas é preciso uma resposta adequada e coerente aos desafios e às suas propostas.

Qual discernimento a ser feito diante da vontade e do pedido de Deus? Quais dos dois filhos, nós somos? Diante do chamamento de Deus, há dois tipos de respostas: há aqueles que escutam o chamamento de Deus, mas não são capazes de vencer o imobilismo, a preguiça, o comodismo, o egoísmo, a auto-suficiência e não vão trabalhar para a vinha (mesmo que tenham dito “sim” a Deus e tenham sido batizados); e há aqueles que acolhem o chamamento de Deus e que respondem de forma generosa.

O que significa, então, dizer “sim” a Deus? É ser batizado ou crismado? Casar-se na Igreja? Fazer parte de um grupo de pastoral qualquer da paróquia? Ser membro da equipe de liturgia da Igreja? Participar das missas dominicais? Realizar a vontade de Deus, na perspectiva da parábola apresentada por Jesus, não é apenas dizer um “sim” inicial a Ele; é preciso, contudo, que esse “sim” se confirme, depois, num verdadeiro empenho na “vinha” do Senhor, ou seja, não bastam palavras e declarações de boas intenções; é preciso viver, dia a dia, os valores do Evangelho, seguir Jesus nesse caminho de amor e de entrega por meio de gestos concretos, de justiça, bondade, solidariedade, perdão e de paz.

Podemos, portanto, nos questionar, como estamos vivendo a vontade de Deus: será que sou um cristão apenas “de registro”, que tem o nome nos livros da paróquia, ou um cristão “de fato”, que procura acolher a novidade de Deus, e responder aos seus apelos colaborando com Ele na construção de uma nova terra, de paz, de fraternidade, de felicidade para todos os homens? Se estas perspectivas não vão de encontro com a nossa realidade presente, peçamos ao Bom Pai que nos dê as virtudes necessárias para bem viver em harmonia procurando a unidade do “sim” em nossas condutas e decisões (Ez 18, 25; Fl 2, 2).

Por Wagner Carvalho

Seminarista Quarto Ano de Teologia

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