5 de julho de 2011

“Sereis Pescadores de Homens”

Pe. Flávio Santiago

Vivenciando as alegrias da ordenação sacerdotal do Diac. Francisco de Assis vale meditar sobre o chamado vocacional dos primeiros seguidores de Jesus, observando a dinâmica do evangelho de São Lucas. O evangelho de São Marcos coloca o chamado dos primeiros discípulos depois do inicio do ministério público de Jesus (Mc 1, 16-20). Lucas o coloca depois que a fama de Jesus se espalha por toda a região (Lc 4,14). Jesus havia curado muitas pessoas (Lc 4,40) e também pregado nas sinagogas de muitos povoados (Lc 4,44). O povo o procurava e a multidão vinha de toda a parte para escuta-lo falar sobre a palavra de Deus (Lc 5,1). Lucas descreve o chamado com muitos detalhes. Vejamos alguns: em primeiro lugar Pedro escuta a palavra que Jesus dirige as pessoas que o procuram e, logo em seguida, ele é testemunha da pesca milagrosa. Somente depois destas surpreendentes experiências é que Pedro compreende o chamado de Jesus. Ele responde: deixa tudo e se torna “pescador de homem”.

Lucas 5, 1-13 – Jesus ensina da barca: O povo procura Jesus para escutar a Palavra de Deus. Muitas são as pessoas que se reúnem em torno de Jesus. Jesus procura a ajuda de Simão Pedro e de seus companheiros que haviam retornado da pesca. Entra na barca com eles e responde a expectativa das pessoas que o procuravam comunicando a elas as mensagens da palavra de Deus. O detalhe: Jesus senta-se. Ele assume o comportamento de um mestre e fala da barca de um pescador. A novidade consiste no fato de que Ele ensina não apenas na sinagoga, para um público escolhido, mais em qualquer lugar onde tiver pessoas que querem escutá-lo. Até mesmo na praia!

Lc 5, 4-5: Por causa da tua palavra lançarei as redes: Jesus termina de instruir o povo e se dirige a Simão Pedro e o encoraja a pescar de novo. Na resposta de Simão encontramos a frustração, o cansaço e desencorajamento. “Mestre, pescamos a noite inteira e não conseguimos nada”. Mais, com confiança na palavra de Deus, joga a rede e continua a luta. A palavra de Jesus tem, para Pedro, mais força do que experiência frustrante da noite.

Lc 5, 6-7 – O resultado é surpreendente – A pesca é tão abundante que as redes quase se rompem e a barca começa a afundar. Simão Pedro tem necessidade da ajuda de João e de Tiago, que estão em uma outra barca. Ninguém consegue, sozinho, dar conta de tanto peixe nem em uma barca e nem em outra. Uma comunidade deve ajudar outra, uma pessoa deve ajudar outra. O conflito, seja no tempo de Jesus ou hoje, deve ser superado para que se alcance um objetivo comum, que é a missão. A experiência da força da palavra de Jesus transforma, é o ponto em torno da qual as diferenças se abraçam e são superadas.

Lc 5, 8-11 – Sereis pescadores de homens- A experiência da proximidade de Jesus faz Simão Pedro compreender que ele é um pecador. Pedro e os seus companheiros tem medo e, ao mesmo tempo, são atraídos pelo Mestre. Jesus exorciza o medo: “Não tenhas medo!”. Jesus chama Pedro e o torna responsável pela missão, ordenando-lhe de se tornar pescador de homem. Pedro experimenta que a palavra de Jesus é como a palavra de Deus: faz acontecer aquilo que comunica, afirma. Em Jesus aqueles rudes pescadores da Galiléia fizeram uma experiência de poder, de confiança e agora deverão deixar tudo e seguir Jesus. Até este momento era somente Jesus que anunciava a boa nova do reino. A partir deste momento outras pessoas são chamadas e também envolvidas na missão. Esta maneira de Jesus trabalhar com os demais é também para o povo boa noticia.

Ao concluirmos queremos realçar que o episódio da pesca no lago indica a força e a atração da palavra de Jesus. Palavra que atrai o povo (Lc 5,1). Estimula Pedro a oferecer a sua barca a Jesus afim de que Ele possa falar ao povo (Lc 5,3). A palavra de Jesus é tão forte que vence a resistência de Pedro e lhe dá coragem para jogar novamente às redes, e assim acontece a pesca milagrosa (Lc 5, 4-6). Vence em Pedro a vontade de afastar-se de Jesus e o faz tornar-se pescador de homens (Lc 5, 10). É assim que a palavra de Deus age em nós até hoje.

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