Nos últimos dias a cidade de Picos sedia diversas manifestações e debates a respeito da localização do novo aterro sanitário. Segundo os moradores o lixo não está sendo tratado como deveria deixando assim a população das localidades próximas vulneráveis a contaminação já que pela região a principal fonte de renda vem da agricultura.
Nesta quarta feira (28) houve uma reunião no fórum de Picos com representantes das localidades e do poder público a fim de se chegar a uma posição que venha a minimizar os impactos causados naquela localidade.
Ainda insatisfeitos com os resultados obtidos com as manifestações realizadas, na tarde desta quinta feira (29) mais uma vez mobilizados, os moradores da região afetada juntamente com o do Pe. Flávio Santiago, pároco da Paróquia de São Francisco de Assis no bairro Junco, marcaram presença na Seção da Câmara Municipal de Picos munidos de faixas, cartazes, lenços pretos amarrados no rosto e carregando um caixão com a frase “Aqui jazem as comunidades de Valparaiso, Bugi e Morrinhos”.
O Padre Flávio e a comunidade foram barrados na porta do plenário e quase impedidos de entrar no recinto. Não cedendo as imposições e sob o olhar de grande reforço policial, manifestantes lotaram o plenário da câmara com faixas e cartazes que diziam: “Paróquia do Junco na luta pela justiça”, “A mudança chegou e com ela os urubus”, “Lixão não é mudança! Salvam nossas comunidades, famílias e o meio ambiente”, “Do paraíso ao lixão em um ano de eleição”.
Sem se manifestar verbalmente, os populares permaneceram durante alguns minutos de pé, em seguida entrou um cortejo trazendo um caixão, velas foram acesas e orações foram feitas e em seguida deixaram o local.
Ao deixar o plenário o Padre Flávio, como representante das comunidades afetadas, falou a imprensa presente no local. “Nos chegamos, eu e as comunidades, ao plenário da câmara com a boca tapada porque quando a câmara aprovou a decisão de transferir o lixão da Altamira para o Valparaíso ela não perguntou nada a população, por isso que hoje viemos de boca fechada porque uma câmara de vereadores que não escuta os cidadãos é tapar a boca dos cidadãos impedindo que eles falem”.
O padre Flávio relatou o porquê das ações realizadas durante a manifestação, segundo ele a frase que continha no caixão (“Aqui jazem as comunidades de Val paraíso, Bugi e Morrinhos”) retrata que as comunidades foram enterradas, o futuro delas, a saúde e a dignidade dos moradores quando a prefeitura decidiu colocar aquele lixão não ouvindo as comunidades. Ele diz ainda que só os resta ajoelhar e pedir clemência a Deus. “Já fomos em promotoria, já fomos no prefeito, já viemos aqui na câmara pedindo que eles resolvam a situação então quando as iniciativas são poucas e aquelas que tem não produzem efeito tem que se pedir ajuda a deus rezando” completa Flavio Santiago.
Sobre o caixão ele diz: “Fizemos entrar um caixão pequeno pelo tamanho. As comunidades são jovens, as pessoas são simples, estão cheias de esperanças e a esperança das comunidades não pode ser sepultada pela pouca sensibilidade dos administradores e de parte de vereadores da câmara”.
“A promotoria começa a reconhecer que existe um dano ambiental no Valparaíso e pede a prefeitura que conserte este dano ambiental, porem não se decidiu ainda se o lixão fica lá ou não, o que se decidiu é que a prefeitura não pode continuar tratando o lixo do jeito que estava tratando deixando a céu aberto. Fomos informados que já foram cavadas valas, que colocaram mantas, que tem uma empresa cuidando disso, nos esperamos que prossiga e que faça as coisas como manda a lei porque a lei diz o jeito de cuidar do lixo da cidade”.
Sob a avaliação do ato o Pe. Flávio diz: “Não precisava chamar a policia, como a imprensa testemunhou, não houve nenhuma agressão aos vereadores, não houve dano ao patrimônio publico, não houve desrespeito, então a presença da policia é desnecessária numa situação dessa, só confirma o que eu venho dizendo que tem que se questionar sobre esta presença da policia quando os moradores das minhas comunidades vão se manifestar, mas os senhores mesmos podem constatar e comprovar que foi totalmente desnecessária, não houve um único ato de vandalismo ou um único ato de desrespeito, um único ato de incivilidade”.
Concluindo, ele afirma que querem respeitar a lei, e se a lei determinar que o lixão permaneça na comunidade que fique conforme a lei determina e que haja um acompanhamento da promotoria para ver se a lei está sendo cumprida. “A prefeitura tem a obrigação de compensar os moradores do Valparaíso, eles não foram escutados, eles não foram considerados, as suas terras estão danificadas e as comunidades já tem pessoas doentes. A prefeitura tem obrigação de compensar com assistência psicológica, assistência médica, assistência sanitária para reparar o dano que provocou nas comunidades de Valparaiso, Bugi e Morrinhos, se a justiça diz que tem que ficar pois se obedece a justiça, mas tem que se reparar o sofrimento que as comunidades passaram” finaliza.
FONTE : APURA NOTICIA
0 comentários :
Postar um comentário