2 de fevereiro de 2021

Reflexões sobre os Salmos



Salmo 1: os dois caminhos

“Seu prazer está na lei de Javé, e medita sua lei, dia e noite. Ele é como árvore plantada junto d’água corrente: dá fruto no tempo devido, e suas folhas nunca murcham. Tudo o que ele faz é bem sucedido.”

                                                                                           (Salmo 1, 2-3)

 

Em nosso existir nos deparamos como inúmeras situações que nos fazem repensar os caminhos. Neste salmo encontramos uma orientação, onde Deus mostra que é necessário seguir o caminho dos justos, ou seja, meditar a palavra de Deus dia e noite, sempre buscando-O com toda intensidade de coração. Mas somos falhos, pecadores, caímos constantemente no pecado, portanto, como seguir os trilhos dos caminhos que levam a justiça de Deus?

Diante da colocação de que existe o justo e o injusto, é considerável que na grande maioria das vezes, nos colocamos como justos, em termos as melhores opções e formas de trilhar o nosso breve existir. E ai, quando nos deparamos com os ensinamentos da Sagrada Escritura, Tradição e Magistério, percebemos que em muitos momentos estávamos em caminhos que não era necessariamente o correto. Reconhecer que somos injustos, pecadores e falhos não nos limitam do amor de Deus, mas nos aproximam da realidade do plano de salvação, desde que é claro, busquemos o caminho da justiça.

Este salmo apresenta o caminho tortuoso do injusto que está fadado ao cotidiano trivial em sentar-se na roda dos zombadores, em fixar-se apenas no banal da existência, deixando Deus como segunda opção. Os dois caminhos nos levam a consequências. Se optamos pelo caminho de Deus devemos dedicarmos de coração, alma, vontade e integridade a busca constante, mas isso não é garantia de que não iremos cair de novo. O importante é a perseverança e confiar não em nossas forças, mas sentir e perceber que existe um Deus que nos dá a graça de busca-lo constantemente.

Um certo sacerdote uma vez disse: “ os salmos são orações que devem ser saboreadas, assim, como saboreamos um fruto”. Saborear não é colocar na boca e engolir o fruto com pressa, mas sentir o doce, o amargo, a textura, é sentir o gosto intenso se espalhando em nosso paladar. Desta maneira, um bom caminho é meditar, contemplar, orar, sentir a oração pessoal, intima com Deus por meio dos salmos. Estes são portas de libertação, de confraternização, de alegria e jubilo ao encontrarmos a presença de Deus em nosso existir.

Esta meditação não deve ser de forma alguma uma obrigação, uma imposição de ler o salmo diariamente, mas um habito que vai se tornando presente em nosso cotidiano a partir da tomada de consciência de que o ser humano busca a Deus e este lhe dá as condições necessárias para louva-Lo. Agradecer as pequenas coisas que acontecem no nosso dia-a-dia, sentir e saborear essa percepção já nos ajuda a perceber o milagre que Deus realiza em cada um de nós.

Passamos assim da situação de um caminho levado pelas condições que nos encontrávamos para o caminho proposto por Deus àqueles que buscam a justiça divina. Esse hábito é difícil de ser encontrado?

Algumas dicas são muito importantes: a) oração constante; b) certeza de que a força que vem para uma mudança não vem de nós pois é Deus que dá a graça, mas devemos procurar constantemente; c) leitura das Sagradas Escrituras ( hábito cotidiano); d) abertura para uma reflexão consciente de que cremos no Deus do Impossível que tudo pode transformar.

Desta forma, entendemos que a Sagrada Escritura se faz presente em nossa vida, quando buscamos, meditamos, saboreamos as suas palavras e buscamos entendimento constante, preenchendo esse vazio que há em nosso interior. O salmo aponta que existem aqueles que preenchem com caminhos distantes de Deus, e outros que preenchem meditando dia e noite a sua lei, sendo que o fruto devido é dado de acordo com a produção da árvore. Então, algumas questões são interessantes: que tipo de árvores somos,em qual terra estamos, é possível mudança?

Cremos que o Deus do impossível jamais abandonou aqueles que o buscam de coração sincero, portanto, o caminho está aberto para todos os que o buscam, sendo que a graça acontecendo dia após dia. Como disse São Francisco de Assis: “Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível”.


  ( Ricardo de Moura Borges – graduando em bacharelado em Teologia – UNINTER )

 

 


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